Sobre o terreiro
O Terreiro Firmina do Rosário foi Fundado em 21 de setembro de 2020, com o objetivo da prática da Umbanda sob os princípios do amor,caridade, simplicidade e união.
Firmina do Rosário, a nossa querida Vó Benta, é a Preta Velha que dá nome e comanda este Terreiro de Umbanda.
Sempre amorosa com todos que a procuram, leva a cura através do amor e da fé ao lado do Pai José do Congo, chefe da Curimba, Seu Sete Espadas, guardião da hierarquia e, seu Quebra Pedra, protetor da casa.
O Terreiro fica localizado no Boqueirão e está sempre de portas abertas para receber a todos, sem excessão.
Todos os atendimentos são completamente GRATUITOS
O Nascimento do Terreiro Firmina do Rosário.
Para contar a história do terreiro Firmina do Rosário, é necessário voltar no tempo, há dez anos.
No fim de 2014, a Luci e eu conhecemos o terreiro Vó Benedita através de uma amiga querida, dona Iolanda, que hoje está em espírito.
Foi a dona Iolanda quem nos apresentou a Mãe Karina de Iansã.
O terreiro Vó Benedita não foi nosso primeiro contato com a umbanda, mas essa é uma outra história.
Mãe Karina foi uma peça fundamental para a existência do terreiro Firmina do Rosário.
Sua orientação e apoio foram essenciais para que pudéssemos dar os primeiros passos na fundação do nosso próprio espaço.
A partir do conhecimento e da espiritualidade que absorvemos no terreiro Vó Benedita, conseguimos estabelecer um lugar onde a prática da umbanda pudesse florescer e ser compartilhada com outros.
Hoje, o terreiro Firmina do Rosário é um reflexo da dedicação e do legado de Mãe Karina, cuja influência continua a nos guiar e inspirar.
Mãe Karina era muito exigente com todos os filhos, sempre enérgica na questão de estudos e fundamentos.
Conhecemos o Terreiro Vó Benedita no dia 2 de outubro de 2014, apenas alguns dias após sua inauguração, que ocorreu em 27 de setembro.
A pedido de Mãe Karina, adotamos o hábito de estudar e anotar tudo sobre nossos guias.
Algo curioso começou a se repetir: todos os meus guias sempre falavam da Vó Benta, também conhecida como Firmina do Rosário.
Intrigado com essa repetição, perguntei um dia à Mãe Karina o porquê disso. Ela me explicou que, em nossa coroa espiritual, sempre temos um mentor, que é o responsável por organizar e administrar os demais guias que trabalham conosco.
No meu caso, estava muito evidente que esse mentor era a Vó Benta.
Essa explicação trouxe um novo entendimento sobre a importância e o papel dos nossos guias espirituais.
Com essa orientação, a presença de Vó Benta tornou-se ainda mais significativa em minha jornada espiritual.
A dedicação de Mãe Karina aos estudos e aos fundamentos foi crucial para que eu pudesse compreender e valorizar a influência de Vó Benta em minha vida espiritual e no terreiro Firmina do Rosário.
Em 2016, Mãe Karina me chamou e pediu para que eu me preparasse para ser cruzado como pai pequeno.
Surpreso com o pedido, perguntei a ela se eu estava preparado para essa responsabilidade.
Ela, com sua sabedoria característica, respondeu: “Não sei nem se eu estou preparada, meu filho.”
Esse ano foi marcado por muitos acontecimentos. Houveram algumas brigas internas, falta de empatia, divergências, palavras jogadas ao vento, mágoas e tristezas. Todos esses desafios começaram a afetar a harmonia do terreiro. Infelizmente, essas tensões culminaram em nossa saída do terreiro Vó Benedita em 2017.
Essa saída foi um momento difícil e doloroso, mas também marcou o início de uma nova fase.
Com os ensinamentos de Mãe Karina e a experiência adquirida, começamos a traçar nosso próprio caminho, levando adiante a espiritualidade e os fundamentos que ela tão generosamente compartilhou.
A partir de 2017, eu e a Luci começamos a nos aprofundar ainda mais em nossos estudos sobre espiritualidade, umbanda e xamanismo.
Nesse ano, fiz uma pós-graduação em Ciências da Religião e dediquei meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) à umbanda, explorando suas raízes, fundamentos e práticas.
Em 2018, sofri um acidente de moto muito grave.
Durante minha recuperação, tive inúmeros desdobramentos espirituais, em que meus guias constantemente me chamavam de volta ao chão de um terreiro.
Esses desdobramentos reforçaram minha conexão com a espiritualidade e a necessidade de continuar meu caminho dentro da umbanda.
A experiência do acidente e os chamados dos meus guias foram cruciais para a minha jornada espiritual, servindo como um lembrete poderoso da importância de seguir minha missão e de estar presente em um terreiro.
Esses eventos moldaram minha determinação e compromisso em aprofundar meus conhecimentos e práticas espirituais.
A questão era: voltar para onde?
Mãe Karina havia se mudado para Minas Gerais, e o terreiro Vó Benedita agora se chamava Tia Serafina, com Pai Kaio de Oxóssi como novo líder espiritual.
Pai João de Xangô, que havia sido cruzado por Pai Kaio de Oxóssi, era meu afilhado e tinha sido meu cambone no terreiro Vó Benedita.
Pai João decidiu sair e montar seu próprio terreiro, o TUPJ (Terreiro de Umbanda Pai Joaquim).
O TUPJ foi inaugurado em 21 de setembro de 2020, dia da árvore. Fomos insistentemente convidados por Pai João a fazer parte da corrente do novo terreiro.
Curiosamente, minha primeira gira no TUPJ também aconteceu em 2 de outubro, uma data que parecia marcar importantes marcos espirituais em nossa jornada.
Esses eventos trouxeram novas oportunidades e renovaram nosso compromisso com a umbanda.
A criação do TUPJ e nossa participação ativa nesse novo espaço foram passos importantes para continuar nosso caminho espiritual, mantendo vivos os ensinamentos que adquirimos ao longo dos anos.
De início, a experiência no TUPJ foi horrível. Todos, exceto Pai João, não nos queriam ali. Era como se fôssemos algo ruim, pessoas não gratas, e gostavam de salientar que só estávamos ali por causa do Pai João. No entanto, com o tempo, as coisas mudaram e mudaram muito. As pessoas começaram a nos procurar e querer aprender conosco.
Encontramos no TUPJ velhos conhecidos do Vó Benedita, o que ajudou a construir um ambiente mais acolhedor. (Nem tanto).
No início de 2021, subitamente Pai João começou a falar sobre o cruzamento, dizendo que a casa cresceria muito e que ele precisava de mais sacerdotes.
Ele anunciou que cruzaria a mim, a Luci e ao Paulo. Fui cruzado no início de fevereiro, Pai Paulo no final do mês e Mãe Luci em abril.
Essa nova fase trouxe um sentimento de renovação e pertencimento.
Passamos de indesejados a membros essenciais na expansão e fortalecimento do terreiro TUPJ.
A jornada, apesar das dificuldades iniciais, reforçou nosso compromisso e nos permitiu continuar a crescer espiritualmente e contribuir para a comunidade umbandista.
No final de junho, Pai João se reuniu comigo, Pai Olavo de Xangô, Pai Paulo de Oxóssi e com a Mãe Luci de Iansã, e simplesmente disse: “Para mim deu, estou saindo, preciso resolver minha vida. Agora é com vocês. Se quiserem continuar, tudo bem; se quiserem fechar, tudo bem. Eu estou lavando minhas mãos.”
Foi um momento muito difícil. Muitos filhos saíram, outros ficaram incrédulos, e surgiram rumores de que tínhamos tirado o Pai de Santo da casa.
Diante desse cenário, precisávamos reorganizar tudo, inclusive o nome do terreiro.
A tarefa de reconstruir a confiança e a estrutura do terreiro foi desafiadora, mas também trouxe uma oportunidade para reafirmarmos nosso compromisso e redirecionarmos nossos esforços para manter viva a essência e os ensinamentos da umbanda.
Decidimos seguir em frente, unidos e determinados a transformar o terreiro em um lugar de acolhimento e de crescimento espiritual para todos.
Como seria o nome do terreiro agora? Pensei, pensei e pensei muito.
Lembrei então das palavras do preto velho Pai Joaquim, que disse no dia do meu cruzamento: “Essa casa não é mais minha, agora é da Benta.”
Bom, preciso explicar que existem muitos terreiros com o nome de Vó Benta e de Vovó Benta, e certamente teríamos um problema na hora de registrar o nome.
Então, resolvi perguntar para Seu Quebra Pedras. Ele respondeu que a casa era da negrinha (forma carinhosa, com a qual ele chama a Vó).
Perguntei então para o Seu Sete Espadas, e ele respondeu assim: “Estou ao lado de Maria” (Maria é o primeiro nome da Vó).
Por último, e com muita vergonha, perguntei para a Vó como ela queria que o terreiro se chamasse.
Com a sabedoria de preto velho, ela me respondeu: “Firmina do Rosário. Firmina, pois será firme como uma rocha, e Rosário, pois será uma casa de oração e de preces.”
Assim, decidimos que o terreiro passaria a se chamar Firmina do Rosário, honrando a força e a espiritualidade da Vó Benta e estabelecendo um novo capítulo em nossa jornada espiritual.
O maior problema foi não me sentir o dono, mas apenas um inquilino.
O fantasma do motivo da saída de Pai João sempre batia à nossa porta, com comentários como: “Esse é o terreiro do Pai João”, “Esse era o terreiro do Pai João”.
Até de usurpador fui chamado, sem que as pessoas conhecessem a história e sem que se preocupassem em conhecê-la.
Hoje, com a nova casa preparada desde o início pelas mãos dos filhos da Vó Benta, acredito que esse fantasma não mais existirá.
Agora há um sentimento de pertencimento e não mais de um simples inquilino ou de um usurpador. Sinto-me feliz e com muita força para um novo começo, com o sentimento de que a casa agora é “minha” e dos meus filhos. A energia renovada e a união dos membros do terreiro Firmina do Rosário nos deram a força necessária para seguir em frente e construir um espaço de amor, respeito e espiritualidade.
Hoje somos quatro sacerdotes no terreiro Firmina do Rosário, cada um com um papel fundamental em nossa jornada espiritual.
Pai Paulo de Oxóssi é meu padrinho e a pessoa que muitas vezes “puxa minha orelha”, falando algumas verdades necessárias para o meu crescimento. Sua presença é uma constante fonte de sabedoria e orientação, e suas palavras, embora duras, às vezes, sempre vêm com a intenção de me ajudar a evoluir.
Mãe Luci de Iansã é minha companheira de vida e de espiritualidade. Com ela, compartilho não apenas as alegrias e vitórias, mas também as frustrações e algumas derrotas. Sua presença ao meu lado é um apoio inestimável, e juntos enfrentamos os desafios e celebramos os triunfos, fortalecendo nossa união tanto no plano pessoal quanto no espiritual.
Pai Jeferson de Ogum é um menino de coração muito bom, que foi o meu primeiro capitão cruzado e também o meu primeiro Pai de Santo cruzado. Sua dedicação e entusiasmo trazem uma energia renovada para o terreiro, e sua jornada conosco é um reflexo do compromisso e da paixão que ele tem pela umbanda.
Juntos, formamos uma equipe unida e dedicada ao crescimento espiritual do terreiro Firmina do Rosário. Cada um de nós traz uma contribuição única para nossa prática e para a comunidade que servimos, e é com muito orgulho e gratidão que caminhamos lado a lado nessa missão.
“Que esta casa seja um farol de esperança, iluminando vidas com fé e aquecendo corações com caridade!”
Maria Firmina do Rosário.
Texto: Pai Olavo de Xangô.