Conheci o nosso terreiro através da amiga da minha filha, que me convidou para uma vivência.
Venho de um histórico de depressão severa, tentativa de suicídio e não menos importante, alcoólatra em processo de recuperação.
Com a perfeição de Oxalá, cheguei em uma casa que não consome álcool nos trabalhos. Em uma gira que fui, esta menina pediu permissão ao pai Olavo para eu tocar e cantar com ela.
Toquei sob o olhar de todos e, principalmente, do nosso querido pai, sempre muito observador, cauteloso e sincero, que me deixou com tanto medo que quase corri (rsrs). Mas, logo já sorriu, e conheci o admirável pai que é. Em seguida o ogã da curimba, o Brasil, me incluiu no grupo. Fui acolhida como se já pertencesse a esta casa uma vida inteira. Todos respeitando meus limites, acolhendo meus erros, sem ofensa, sem desrespeito, me ensinando com paciência e só críticas sutis e construtivas. Nos momentos difíceis da minha vida onde já pertencia à curimba, simplesmente TODOS me acolheram, me cuidaram, me assistiram, cada um da sua maneira, como pôde ajudar. Com palavras, conselhos, abraços e trabalhando com seus guias para a minha melhora.
Lembro de uma gira sob meu comando, que não estava bem e falei ao grupo da curimba que tentaria cantar, quando vi, até os nossos meninos abençoados, que não cantavam, estavam cantando!
Sei que existem dores e sofrimentos, muito maiores que o meu, mas quando dói em nós, o nosso sofrimento é muito pesado e enquanto não estamos bem, não conseguimos enxergar a dor alheia. Por isso, quando visto o branco, bato a cabeça nos nossos atabaques e começo a tocar e cantar, agradeço e peço para que eu possa ajudar a nossa casa, a todos os integrantes, e acolher e ajudar a todos que ali vem pedir auxílio.
O pai Olavo, hoje, confia no meu trabalho na curimba e às vezes fico até constrangida, porque quero cantar um ponto novo e ele nem quer saber. Só manda eu fazer (rsrs). Sem falar nas giras com o Pai Paulo, que ele só me olha e dá uma risadinha simpática (kkkk). Mãe Luci, sem palavras. O próprio nome já a define: MÃE.
Gostaria que soubessem que procuro dar o meu melhor na curimba para ajudá-los nas giras. Peço desculpas se não consigo fazer melhor, ou se não sei agradecer de outra forma. Peço que se sintam agradecidos. E claro, agradecer à minha filha e à amiga dela, hoje minha dinda querida. E a todos que nos acolheram com tanto amor. Que Deus nos abençoe sempre nessa linda caminhada!