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Dia da Caatinga

Dia da Caatinga

Hoje, 28 de abril, é o Dia Nacional da Caatinga, data que visa falar sobre a preservação do único bioma exclusivamente brasileiro. Porém, tanto para o dia de hoje, quanto para o texto do dia 30 de abril (sem spoilers), quis fazer a conexão com a mulher, uma vez que ambos os textos estão dentro da Coluna Mulher. Deixando sempre que as mulheres desta nossa casa falem através de mim.

 

Começar do pó da terra até chegar aos céus da nossa ancestralidade. De onde isso tudo surgiu? De conversas com a minha mãe, de conversas com a Deborah e o Wellington, juntamente com um sonho que tive há umas duas semanas. Sendo assim, precisarei no texto de hoje, falar sobre as “MARIAS”.

 

Pensar em Caatinga é pensar na terra de Mandacaru, de chão rachado, de vida dura e escondida, mas também falar sobre ser fértil, ser milagre, ser terra que floresce no impossível, mesmo quando o mundo insiste em dizer que ali nada pode crescer. Quem conhece a Caatinga de verdade, sabe: ela tem voz de mulher.

 

Lá tem o protagonismo de mulheres que resistem, curam e ensinam em meio ao sertão. É dentro dela, a Caatinga, que moram as “Marias” que comentei. Nas conversas que citei, entendemos que ao longo dos anos, as Marias são as mulheres invisibilizadas na história oficial e aqui neste contexto vejo que são elas que sustentam comunidades inteiras, que criam filhos enquanto lidam com a seca, a pobreza e o nosso velho e antigo inimigo – o machismo estrutural.

 

Elas são as lavradoras, rendeiras, parteiras, mães, lavadeiras, costureiras, rezadeiras, curandeiras, mestras da cultura popular. São guardiãs da tradição, da espiritualidade, da família e dessa terra seca. Aquelas que buscam água na distância, que criam seus filhos na escassez, sustentam o divino com o suor diário, coragem e cuidado! E quando a gente enxerga isso, percebe que essas Marias da Caatinga não são só filhas dessa terra, mas são também descendentes de outras Marias… Aquelas que estavam no monte, no mercado, no sepulcro… (mas sobre essas, eu falo outro dia.)

 

Defender a história e ao mesmo tempo defender a Caatinga, é defender a espiritualidade popular e mais, defender a nossa ancestralidade feminina. É olhar para o sertão não como um lugar de carência, mas como uma potência, de fé e cultura viva. Vejo isso na prática, quando temos a honra de ver em nosso terreiro, mulheres tão potentes como a Maria do Facão, Maria Bonita, Maria Flor, Maria Quitéria, Maria do Balaio, Joana no Laço, Clara Rendeira… E tantas outras que estão ali só esperando a oportunidade de se apresentar e se mostrar nessa força.

 

Essas mulheres são filhas dessa terra, e nos ensinam a ser filhas de fé. Carregam no corpo a marca da luta e no espírito a herança de quem cultiva a esperança. Estão no sertão, mas também estão nas comunidades, nos terreiros, nas encruzilhadas. E hoje digo, com esse texto, que podemos afirmar que “ ser mulher é ser Caatinga”. É sempre florescer, assim como o Mandacaru símbolo do sertão, com esperança e resistência. É garantir que a nossa força e o nosso axé continuem florescendo em todos os lugares, mesmo quando insistirem em dizer que não podemos. Essas são as Marias!

 

E as Marias estão vivas!

Eu sou Maria!

Você é Maria!

Nós somos Marias!

 

 

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