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Dia da Escola de Samba

Dia da Escola de Samba

Dia da Escola de Samba
Em 1928 iniciou a construção histórica do que é hoje uma das nossas maiores manifestações culturais. No bairro do Estácio as primeiras escolas surgiram, lá era reduto de sambistas tradicionais. E em 12 de agosto foi fundada a ‘Deixa falar’, a primeira e reconhecida escola de samba do Rio de Janeiro. Ela é a pioneira justamente por reunir naquela época, elementos que hoje caracterizamos como sendo de escolas de samba e foi a partir dela que várias outras surgiram.

Com a popularização do samba e do carnaval surgiram as rodas de samba dentro dos bairros do Rio de Janeiro e a roda da ‘Deixa falar’ ficava em frente a uma escola, exatamente por isso eles se denominaram uma escola de samba. Ou seja, eles não marcaram apenas por serem pioneiros, mas também inaugurarem o nome ‘Escola de Samba’ com o significado que conhecemos hoje. Uma pena que em sua história, mediante a muitos desafios, a escola tenha sido descontinuada, porém, é representada hoje pela Estácio de Sá, que desde 2011 passou a ser reconhecida como a primeira escola de samba do Brasil e comemora seu aniversário dia 12 de agosto em homenagem a ‘Deixa falar’.

Mas afinal, porque dia 11 de abril foi a data escolhida como o Dia da Escola de Samba?

Essa data foi estabelecida para homenagear uma das maiores escolas do Brasil, a vanguardista Conjunto Oswaldo Cruz ou, como conhecemos hoje, a Portela. Agremiação que já foi 22 vezes eleita a melhor escola do Rio e hoje completa 102 anos de tradição.

O morro foi feito de samba

As escolas de samba representam a preservação do samba como manifestação artística e popular, quando Alcione canta: ”Não deixe o samba morrer, não deixe o samba acabar. O morro foi feito de samba e de samba para a gente sambar.” – ela se refere ao samba do povo, que nasce no morro, que canta as dores, as vivências, a cultura e história de uma população geralmente marginalizada e pouco lembrada e reconhecida com o peso e valor que merece. Foram nos morros que surgiram as principais manifestações culturais desse país, morro esse povoado de histórias de um povo cuja sua ancestralidade já foi escravizada e que ainda hoje sofre as atualizações dessa violência.

Um breve recorte histórico:

Após a abolição da escravatura os negros saíram, segundo o ditado popular: ‘sem eira nem beira’. Sem trabalho, alimento e moradia, os cortiços que eram moradias extremamente precárias se tornaram populares em todo país. Esses eram povoados por pessoas consideradas pela nossa sociedade como ‘descartáveis’.

Dê ao povo, o que é do povo!

As escolas de samba carregam consigo uma importância cultural e histórica. São grandes centros de cultura popular, musicalidade e resistência. Não é atoa que tivemos importantes sambas enredos que não só traziam a alegria para as avenidas mas também, denunciavam e cobravam, assumindo o seu papel político de forma impecável. Um exemplo foi o enredo “Chamada aos Heróis da Independência” que fez uma homenagem direta às revoltas sociais como a Inconfidência Mineira e a Revolta dos Alfaiates na Bahia e isso em pleno período de ditadura.

Além disso, as escolas não só cantam o que é do povo para o mundo, como também são instrumentos de apoio social às comunidades. Elas lideram diversos projetos voltados para a educação, cultura e saúde. Além de cursos profissionalizantes, incentivo ao esporte, promoção ao trabalho e lógico, ensino de samba e música para todos.

Exatamente por esses motivos esse dia é tão importante, precisamos reconhecer o quanto as escolas fazem por suas comunidades e assim vamos ver que o carnaval é apenas a ponta do iceberg. Temos durante todo o ano a integração da comunidade e empregabilidade de: artistas, costureiros, ferreiros, músicos e coreógrafos.

Do sagrado ao profano

Dizem que o carnaval é uma festa carnal e isso não precisa nem de fonte, é algo difundido na nossa sociedade. Mas as pessoas esquecem do quanto ele também trás o sagrado! Esse presente na lavagem das ladeiras do Curuzu em Salvador de onde sai o bloco afro ILÊ AIYÊ e também presente no sambódromo: nos enredos que cantam as histórias dos orixás, que louvam as religiões de matriz africanas e até mesmo nos rituais que antecedem os desfiles.

Rituais esses que são conhecidos por nós, que são nossas heranças como: defumar o sambódromo antes do início dos desfiles, fazer o bate folha limpeza e purificação do local, entrar com o pé direito na avenida, carregar um galhinho de arruda para afastar as energias negativas, fazer banho de ervas para os carros alegóricos e tem até aqueles que jogam moedas nos chão para atrair sorte.

O Dia da Escola de Samba é mais que uma celebração, é reconhecimento. Reconhecimento da força do povo, da cultura que nasce nos morros, da fé que se dança e se canta. Que nunca deixemos o samba morrer, nem o sagrado que ele carrega.

Viva o samba! Viva o povo! Viva as escolas de samba!

 

 

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