No dia 05 de Maio de 2020 a OMS instituiu o dia mundial dos Enfermeiros e Parteiras, a intenção vem como estímulo para as profissões tão necessárias em um ano de caos. Hoje, em especial, falaremos sobre as parteiras por pedido de Preta Velha Maria Benta Conga.
O ofício de parteira é um dos mais antigos da que se tem registro, e usamos a bíblia como base para essa constatação. O primeiro registro se dá em Êxodo 1:1-22 onde duas parteiras, Sifra e Puá, desobedecem as ordens do Rei do Egito e não matam logo após o nascimento os filhos homens dos hebreus e ainda ajudaram no nascimento de Moisés, o próprio texto que segue narra como Moisés chegou aos braços da filha do Faraó e toda a importância de Moisés para a palavra de Deus.
Desta forma, não seria leviano dizer que as parteiras vêm fazendo história no mundo e salvando crianças desde o mundo antigo como retratado na bíblia sagrada, esses relatos encontrados são utilizados em cursos e na capacitação de novas parteiras desse tempo contemporâneo. Não se trata de nascimento apenas, mas todo o contexto de cuidado da mulher, criança e até atendimento familiar.
No dia 08 de Maio de 2023 o Jornal Tradição publicou uma matéria sobre as parteiras, e nesse material a jornalista nos relata situações muito comuns da rotina das parteiras no Brasil, essa mulher de confiança da comunidade fazia benzimentos, apresentava um conhecimento ímpar sobre a vida cotidiana com seus chás, unguentos, remédios caseiros, elixir para a saúde, orientações para mulheres recém casadas.
O atendimento à mulher grávida, semana a semana, realizado com visitas e observações baseadas em um conhecimento nato, não apenas do momento vivido pela mulher em estado de graça, mas também pela evolução do feto e seu desenvolvimento. A parteira era chamada pela família e caso necessário passava dias na casa auxiliando no que fosse necessário.
Com o passar dos anos este ofício perdeu espaço para a medicalização e a proximidades das unidades de saúde, atendimentos comunitários e agentes de saúde. Contudo em um ano tão complexo como 2020 a Organização Mundial da Saúde reviu a necessidade de formar novas mulheres, criando cartilhas e vários disparadores incluindo em cada um a atividade cultural de orientação e atendimento.
Dentro da Umbanda, conhecemos espíritos que trazem consigo a grande missão de continuar esse oficio orientando e guiando as famílias, exatamente como as parteiras que temos em nossa casa. Um grande exemplo é a nossa querida Vó Catarina que em um de seus relatos em nossa casa, nos agraciou com lindas histórias dos filhos que adotou e trouxe à vida. Usando suas próprias palavras “cada criança é um presente de Deus, cada uma tem um jeito de vir!” A espiritualidade nos ensina que cada médium tem uma forma de desenvolver a linha tênue entre sua mediunidade e o trabalho com os guias, uma maneira muito particular de se comunicar e aprender com a rotinas das giras, estudos particulares e até mesmo conversas com esses espíritos que diariamente se comunicam.
Hoje parabenizo todas as parteiras, as que atualmente estão em exercício do oficio, as que vieram antes de nós que carinhosamente chamamos de ancestralidade e principalmente as que atualmente trabalham no Terreiro de Umbanda Firmina do Rosário. Louvar à essas mulheres nos torna mais fortes.
Nossa mentora e mãe a Vozinha Benta nos recebe como uma mulher a frente do tempo que viveu e na escrita deste texto, sinto o quanto ela se orgulha dessas mulheres que agora trabalham na Umbanda.
Minha querida Vó Conga me diz aqui: “Nem sempre foi bonito assim, era mais um cuidado de uma mulher para outra mulher, que um trabalho!”
Salve todas as mulheres, salve a todas as parteiras, salve a ancestralidade!