Café.
O café é uma das bebidas mais consumidas no mundo, símbolo de encontros, rituais e tradições. Sua história no Brasil é marcada por ciclos de crescimento e declínio, mas sempre esteve presente no cotidiano da população, seja como fonte de energia para o trabalho, seja como elemento de sociabilidade.
Durante a Era Vargas (1930-1945), o café desempenhou um papel crucial na economia brasileira. Até então, o Brasil era o maior exportador mundial do grão, e sua produção impulsionava o desenvolvimento de cidades e infraestrutura. No entanto, com a crise de 1929 e a queda nos preços internacionais, Getúlio Vargas implementou políticas de valorização do café, comprando e queimando estoques para evitar a desvalorização do produto. Além disso, diversificou a economia para reduzir a dependência exclusiva desse setor.
Atualmente, o Brasil continua sendo o maior produtor mundial de café, com destaque para o estado de Minas Gerais, responsável por grande parte da produção nacional. A cultura do café segue evoluindo, com investimentos em qualidade, certificações e novas formas de preparo, como os métodos artesanais que conquistam cada vez mais apreciadores.
Na Umbanda, o café tem um significado especial, especialmente nas giras de Preto Velho. Esses guias espirituais utilizam a bebida para descarrego e como meio de transmissão de energias. O café preto, forte e sem açúcar, simboliza a sabedoria, a simplicidade e a conexão com as forças ancestrais. Durante as consultas, muitas vezes é servido para os consulentes como um gesto de acolhimento e para ajudar na purificação espiritual.
Além disso, o café também tem um papel importante na tradição cigana, sendo utilizado na leitura da borra. Após o consumo da bebida, os ciganos interpretam os desenhos formados no fundo da xícara, revelando mensagens e presságios. Esse oráculo, conhecido como cafeomancia, é uma prática antiga que atravessa gerações e continua a fascinar aqueles que buscam orientação e respostas no simbolismo dos resíduos do café.
Seja como pilar econômico, seja como ferramenta espiritual, o café permanece como um elemento fundamental na cultura brasileira, unindo passado e presente em uma xícara repleta de história e significado.
“Eu trabalhava na colheita do café e sempre gostei muito desse fruto, até mesmo da amêndoa dele. Mas um dia, por pura maldade, os sinhorzinhos brancos olharam pra mim e disseram: “Você gosta de café, não é mesmo, negra? Então vamos te ensinar a tomar café.”
Despejaram café fervendo na minha boca, me queimando por dentro e por fora. Passei semanas sem conseguir comer, beber ou falar direito .
Hoje, ainda tomo meu cafezinho e continuo gostando dele. Mas nunca mais o bebi quente, nem sem açúcar. Prefiro ele frio e melado”.
“Deus abençoe todos vocês!”
Maria Firmina do Rosário
Texto: Pai Olavo de Xangô com participação do espirito Maria Firmina do Rosário