Originário dos povos Iorubá, Ogum (Ògún) é considerado o Orixá da guerra, do ferro, da tecnologia, do trabalho e da abertura de caminhos. Seu arquétipo representa força, coragem, liderança, justiça e ação direta. Ogum é filho de Oduduwa e irmão de Exu, sendo um dos orixás mais antigos. Foi ele quem, segundo os mitos, trouxe os segredos do ferro para a humanidade, ensinando a forjar ferramentas, armas e instrumentos que permitiram o desenvolvimento da agricultura, da guerra e da construção de civilizações. Por isso, também é associado ao progresso e à tecnologia.
Nos cultos afro-brasileiros, Ogum é sincretizado com São Jorge, figura que também representa coragem e luta contra o mal no cristianismo. Na Umbanda, Ogum é visto como guardião da lei e da justiça, muitas vezes ligado ao arquétipo do caboclo guerreiro, ou aos chamados “Oguns de Lei”.
Ogum rege tudo o que é cortante ou de metal: espadas, facas, ferramentas, trilhos e máquinas. Está presente nas encruzilhadas e nas estradas abertas, local simbólico de decisão, movimentação e transição. Por isso, seus seguidores os invocam para abrir caminhos bloqueados, remover obstáculos e trazer a força para lutar contra as dificuldades.
Na umbanda, a linha de Ogum age com firmeza e rapidez para defender, abrir caminhos e cortar demandas negativas.
Com uma vasta falange de trabalho e nomes, cada qual com uma vibração e encruzilhada específica, ligado a diferentes aspectos da natureza e da espiritualidade. É o Orixá da ação imediata, da justiça firme, da proteção espiritual e da luta por dignidade. Ogum é o primeiro a entrar na batalha e o último a sair dela. Não teme o desconhecido, não recua diante do perigo e não abandona aqueles que marcham ao seu lado. Reina sobre as estradas, sobre a tecnologia, sobre tudo o que é conquistado com suor e coragem. É o ferreiro dos deuses, construtor da civilização.
Não aceita atalhos. Seu caminho é o da retidão, da disciplina e da ação constante. Não promete facilidade, mas garante firmeza. Não oferece conforto, ensina a força que nasce no incômodo. Ogum é entender que a vida não é para quem espera parado, é para quem levanta, luta e constrói. É ter fé em movimento, espiritualidade com postura, com posicionamento, com verdade.
FORJADO EM MARÉS
Sempre senti uma conexão com o Orixá Ogum, mesmo antes de saber que ele me escolheu como filho. Após o meu cruzamento, fui surpreendido ao descobrir que o guia que me acompanha nessa linha não era meu pai de cabeça também, mas sim o meu mentor espiritual. E foi com isso que muita coisa passou a fazer mais sentido.
Quando um espírito templário aliado a vibração de Ogum se apresenta como mentor, a gente entende o significado de crescer de verdade. Ele é firme, mas justo. Exigente, mas por amor. Não tolera comodismo, porque vê em você o potencial de ser mais do que tem sido. Não há espaço para desculpas. Há espaço para esforço, para entrega, para responsabilidade.
Ele vai te chamar à razão, vai exigir estudo, postura, presença. Afinal ele sabe: o conhecimento é a espada que ninguém pode tirar de você. Vai te lembrar que caráter não se herda, se constrói. Que justiça não é aquilo que te convém, é o que é certo, mesmo quando dói. É o espelho de Ogum: luta por você, mas espera que você também lute por si. Ele ensina que o verdadeiro guerreiro não é o que sempre vence, mas o que nunca se corrompe. Ensina a honrar sua palavra como se fosse espada. A proteger os seus sem oprimir ninguém. A enfrentar a si mesmo, seus medos, suas sombras e ainda assim continuar.
Com Ogum não se anda por andar. Cada passo tem direção. Cada escolha tem consequência. Ogum luta por justiça, por verdade, por retidão. E se você for capaz de andar nesse mesmo compasso, com coragem no peito e firmeza nos olhos, então você também carrega Ogum dentro de sí.
Salve a força das marés!
Ogum Yê, Patakorí!