O Papel do Cambono na Umbanda
O cambono é o médium que exerce a atividade de auxiliar as entidades dentro do Terreiro durante os trabalhos espirituais. Além desse suporte, ele também tem o papel de interpretar as mensagens entre a entidade e o consulente, pois a linguagem espiritual nem sempre é de fácil compreensão.
Por exemplo, se uma entidade disser:
“Filho, você tem que construir a sua oca com o seu pataco!”
O consulente pode não entender, e cabe ao cambono interpretar e repetir da seguinte forma:
“Você precisa construir sua casa com o seu dinheiro!”
O cambono também tem a responsabilidade de cuidar dos materiais da entidade e fiscalizar seu comportamento, caso este fuja das normas da casa. Se isso ocorrer, ele deve imediatamente comunicar a direção do terreiro ou a hierarquia (Pai e Mãe de Santo, Pai e Mãe Pequeno, Ogãs e Capitães).
Caso haja dúvidas sobre “o quê, como, quando e onde” realizar o procedimento indicado pela entidade, ele deve ser esclarecido no momento, evitando que o consulente saia confuso e acabe realizando algo incorretamente.
Organização e Procedimentos
1. Preparação do Espaço: Antes da chegada dos Guias Espirituais, o cambono deve preparar todos os materiais necessários, como pembas, blocos de anotação, velas, charutos, taças, tábua para riscar ponto, ponteiros, coités, entre outros.
2. Recebimento da Assistência: A assistência, geralmente ansiosa, deve ser bem recebida e conduzida aos Guias. O trabalho transcorre dentro de uma dinâmica de atenção, concentração e doação, sendo fundamental o amor e a dedicação de todos.
3. Conduta do Cambono Durante a Consulta:
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O cambono deve sempre ouvir as consultas feitas às entidades e as respostas dadas, mesmo que o consulente não solicite.
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Se uma entidade determinar que ele se afaste durante a consulta, deve avisar imediatamente ao Pai ou Mãe de Santo ou à entidade incorporada.
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Manter sigilo absoluto sobre o teor das consultas.
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Durante o atendimento ao Guia que está servindo, não deve incorporar, salvo quando autorizado pela entidade.
Caso seja necessário, avisar previamente a hierarquia da casa para providenciar outro cambono.
4. Ordem e Tempo das Consultas:
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Os cambonos não devem selecionar consultas nem favorecer parentes e amigos.
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Devem seguir rigorosamente a ordem de chamada organizada pelos responsáveis.
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Atentar-se para agilizar as consultas, garantindo que não se estendam desnecessariamente.
5. Encerramento dos Trabalhos: Ao final das consultas, a entidade deve “descarregar” seu cambono antes de subir.
Isso não significa que ele precise incorporar.
Assim que a entidade subir, os cambonos devem apagar as velas do ponto e, ao final dos trabalhos, proceder com a limpeza:
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Com o Guia incorporado: Pedir licença à entidade e solicitar orientação sobre as sobras de material utilizado.
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Sem o Guia incorporado: Descartar os restos de bebida sobre o ponto em forma de cruz ou cruzá-lo com álcool/pinga, retirar e lavar os materiais usados, jogar restos de velas, papéis e outros no lixo e lavar a tábua no tanque.
6. Kit Cambono: Todo cambono deve ter um kit de apoio composto por:
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Papel branco (bloquinho de anotação)
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Caneta (para registrar pedidos dos Guias e descrição de materiais para eventuais trabalhos)
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Fósforos
O Aprendizado do Cambono
Ser cambono é uma escola, um aprendizado sem fim. Faz crescer a fé, promove o autoconhecimento e traz um sentimento único de ser acolhido pelos Guias Espirituais.
Na Umbanda, o cambono é parte essencial do funcionamento da casa. Com humildade, dedicação e generosidade, esse trabalho se torna extremamente gratificante e engrandecedor.
Origem da Palavra Cambono
A palavra “Cambono” tem origem africana, derivada dos termos Kambondo, Kambono ou Kambundu.
Antes mesmo do surgimento da Umbanda, já era utilizada nos cultos afro-brasileiros para definir um cargo auxiliar importante. Posteriormente, os umbandistas adotaram esse termo para designar os obreiros que auxiliam os Guias Espirituais nos trabalhos mediúnicos.
Este guia tem como objetivo esclarecer o papel fundamental do cambono dentro da Umbanda, garantindo que essa função seja exercida com responsabilidade, dedicação e respeito às entidades e às diretrizes da casa.
Referências:
Vó Benedita – Site: Pai Manéco – Site: Tio Antônio – Site: Povo de Aruanda.
